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DENT: Então, hoje é 23 de julho. Estamos aqui na Universidade Federal com o
Dr. Francisco Salzano. Hoje queria perguntar-lhe um pouco sobre a parte de ser professor, de ensinar, porque isso é uma parte muito grande da influência que você tem dentro do campo da genética, não?! E eu vi fora da oficina que tem um arbol [árvore].SALZANO: Uma árvore genealógica.
DENT: É. Ótimo! Muito interessante. E isso foi preparado faz 15 anos?
SALZANO: É. Faz tempo.
DENT: Ah, sim.
SALZANO: Foi quando eu fiz 70 anos. Fizeram uma homenagem e aí a Loreta
[Brandão de Freitas] preparou essa.DENT: [Risos] Acho ótimo.
SALZANO: Mas está desatualizado.
DENT: Exato. Está totalmente desatualizado. Aqui só anotei os nomes das
pessoas que estão lá como-- não sei que é a palavra... herederos [herdeiros]?SALZANO: Ah, herdeiros. Netos. Filhos, netos intelectuais, digamos.
DENT: Então só anotei os "filhos intelectuais", podemos dizer. E queria
iniciar perguntando como foi que fundaram o programa de pós-graduação. Que 00:02:00foi o motivo, quando decidiram já iniciar um programa de pós-graduação?SALZANO: Inicialmente, o Cordeiro e eu tivemos que ir a São Paulo para obter o
doutorado. Naquela época não havia mestrado, nem uma institucionalização formal nacional dos programas de pós-graduação. Ao voltarmos, o que havia aqui era, na faculdade de filosofia, uma regulamentação sobre o doutorado, que era mais ou menos semelhante a do São Paulo, onde nós obtivemos o nosso doutorado. E, então, nós começamos a orientar algumas poucas pessoas dentro desse esquema da faculdade de filosofia. E, posteriormente, foi montado um sistema nacional de pós-graduação e então tinha que haver todo um processo de credenciamento de qualquer curso que desejasse desenvolver tais estudos a 00:04:00nível nacional. E, então, nós trabalhamos nesse texto. Enviamos primeiro para o CNPq, que dava um certificado de excelência, digamos, e posteriormente o conselho nacional de educação é que ficou responsável pelo credenciamento de diferentes cursos, programas. O nosso programa foi um dos primeiros a ser credenciado e a partir dessa época, começou a se elaborar formalmente os cursos das disciplinas que era necessário cursar e montando um programa específico de mestrado, que estava sendo institucionalizado no Brasil. Então, o primeiro doutor do nosso programa é o Israel Roisenberg, que foi uma pessoa muito importante aqui no nosso departamento. Ele fez doutorado comigo, fez um 00:06:00pós-doutorado no Havaí, com Newton Morton, e posteriormente começou a formar os seus discípulos. E como falei, acho, ele teve um acidente vascular cerebral cinco anos atrás e continua em coma. E então, agora, eu estou colaborando com uma das primeiras doutoras que ele formou, que é a doutora Eliane - Eliane Bandinelli. Ele fez o doutorado em hemofilia e o grupo aqui continua trabalhando com essa doença e outras de hemostasia, problemas de coagulação do sangue.DENT: Como foi a primeira vez que você orientou alguma pessoa dentro de um
programa de pós-graduação. Como foi a experiência de ser o orientador por primeira vez?SALZANO: Foi muito gratificante. Eu já estava informalmente orientando outras
pessoas, tanto a nível de pós-graduação como de graduação, estudantes não graduados. E o Israel foi uma das poucas pessoas que conseguiram finalizar o doutorado.DENT: E como foi que ele chegou para ser seu orientado? Pediu para entrar para
00:08:00fazer um projeto com você ou foi uma coisa que surgiu...SALZANO: Eu não me lembro... Acho que eu convidei ele para começar a trabalhar
e indiquei essa doença que eu já tinha várias famílias localizadas para o estudo. Só posteriormente é que foi montado um sistema formal de acesso quando aumentou muito o número de candidatos. E então, é um processo de aceitação ou não dos candidatos, a partir de provas e entrevistas.DENT: E que era o que você procurava para convidar alguém a ser orientado por você?
SALZANO: Colaboradores. Precisava de alguém interessado em que houvesse bom
número de pessoas que poderiam trabalhar comigo. A institucionalização da pós-graduação foi fundamental para pesquisa científica no Brasil, porque antes disso não havia um processo formal de recrutamento e formação de pesquisadores e isso então ampliou muito a possibilidade de investigação 00:10:00científica. E levou a que o Brasil agora esteja bem colocado entre as outras nações.DENT: E seu departamento dentro do Brasil também. Está muito bem ubicado
[posicionado], não?SALZANO: Bom, [risos] não sei...
DENT: Então entrou Israel Roisenberg, mas também já estava você orientando
outras pessoas?SALZANO: É, inicialmente, mas foi por pouco tempo -- pessoas que não
continuaram trabalhando. E o Israel já estava... Quando ele entrou no doutorado, antes ele era um bolsista do CNPq, mas, algum tempo depois, ele ingressou na universidade. Ele já tinha um objetivo claro, de aperfeiçoamento. Atualmente o nosso programa, como os outros programas de todo Brasil são, vamos dizer, supervisionados por uma fundação que é a CAPES, que é uma abreviatura -- Campanha de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Todo mundo usa 00:12:00"CAPES". E, então, os diferentes programas estão divididos por área, e na área de ciências biológicas existe três ou quatro áreas diferentes. Na nossa, nós somos o único programa de nível nacional a ter a nota máxima da CAPES. A nota máxima é sete. Só nós temos sete, e alguns mais importantes seis, e assim por diante. Quando chega a nível três, eles ficam a perigo de serem descredenciados.DENT: Entendi.
SALZANO: E essas avaliações são trienais e muito rigorosas. Bom, anualmente
tem que enviar relatórios, tem uma série de parâmetros para julgamento. É um processo até certo ponto meio... não é bem desgastante, mas é um desafio. Preencher todos aqueles requerimentos da CAPES.DENT: E você, como era de professor jovem? Como era sua atitude frente a uma
aula de estudantes? Como era seu estilo de ensinar?SALZANO: Eu comecei a lecionar antes de me formar, ainda como estudante num
00:14:00curso de ensino médio. E não tive grandes problemas nem no primeiro nem nas aulas seguintes. Porque era realmente a coisa que eu gostava de fazer. E eu segui, em boa parte, alguns conselhos e direções. Primeiro de um curso de didática, aqui na universidade e dois graus -- era bacharel, no meu caso história natural -- era três anos de estudos relacionados à ciência em si, e um ano depois, que chamava para obter a licenciatura, que era para lecionar. Aí, então, eles tinham algumas disciplinas, tanto de didática geral como específica. E, além disso, meu modo de ensinar sofreu influência de um amigo meu que era professor primeiro no Rio de Janeiro, depois em São Paulo, o professor Oswaldo Frota Pessoa, que teve um papel muito importante na melhoria 00:16:00do ensino em geral, ensino de ciência em geral em todos os níveis. A ideia que ele tinha, a minha professora de didática e outras pessoas, era que se devia dar o máximo de importância à participação do aluno.Então, desde o início, eu procurei fazer isso através de leituras que eram
estabelecidas a priori. Antes da aula, os alunos deveriam ler, e depois discutiam questões específicas sobre o texto que então eram desenvolvidas. Isso foi feito tanto em relação às disciplinas de graduação como de pós-graduação e acho que isso tem dado resultados. Então, esses livros Genética Odontológica e Genética e Farmácia são resultados dos cursos que eu dava nas duas áreas. Então, eu preparei esse texto especificamente para ser discutido em aula.DENT: Eu vi nos documentos que têm no museu de genética lá, tem algumas...
00:18:00não sei como se chama isso, mas é a lista dos alunos que vão estar na disciplina. Estavam lá no início, talvez 15 nomes, e depois ao final só três ou quatro estavam passando a disciplina para receber crédito.SALZANO: Você viu isso aonde? No programa?
DENT: Eles têm nos computadores lá [no museu da genética], tem uns documentos
scaneados da história do programa, do departamento. Então, lá tem, por exemplo, "1968 -- Genética Humana", que era uma disciplina dada por você. E está lá a lista dos alunos, como escaneado, não? Um PDF. E lá posso ver uma lista de nomes, talvez 10 nomes. E ao final tem as pessoas que passaram, que receberam crédito. E acho que neste de '68, de genética humana, está lá Israel Roisenberg e estão algumas outras pessoas, mas acho que só três ou quatro estudantes terminaram e estão lá como que eles receberam crédito. E eu queria saber se é uma coisa dos documentos, que só ficavam alguns nos documentos ou se realmente de dez pessoas, somente três ou quatro tiveram êxito.SALZANO: Receberam crédito... Não, não, isso variou muito ao longo do tempo.
00:20:00E também... isso só na pós-graduação?DENT: Para mim não foi claro o que eu vi -- se é de pós graduação ou se é de...
SALZANO: Acho que só é a pós-graduação. Porque na graduação a disciplina
era obrigatória, então era geralmente por redor de 30 alunos. E agora na pós, variou bastante. No início eram relativamente poucos. Depois aumentou e modificou-se também- no início a disciplina era obrigatório de depois ficou optativa. Então à medida que foram aumentando o número de disciplinas oferecidas, diminuiu concomitantemente o número de alunos. Também o número de créditos que os alunos tinham que obter foi diminuído ao longo do tempo para dar ênfase à parte de pesquisa. Agora, quem finalizava com crédito ou não, isso também variou muito. Mas, em geral, aqui na pós-graduação são muito poucos os que não conseguem. Desistem... antes de serem reprovados, eles 00:22:00desistem da disciplina. Então, é possível que o que você tenha visto são falhas de documentação.DENT: Claro. Claro. Também parecia lá que as pessoas iam às aulas até um
certo ponto e desistiam de ir também. Não sei, você se considera como muito exigente como professor.SALZANO: É... médio. [Risos]
DENT: [Risos] ... Médio... E que dizem os alunos?
SALZANO: Em geral, eu exijo as coisas, mas isso depende muito do número de
alunos que se tem, do interesse deles. Então, na graduação, quando a disciplina era obrigada, era uma coisa, quando a disciplina é optativa e somente os interessados se matriculam, aí já é uma pré-seleção. Então, é difícil de eliminar, reprovar alguém.DENT: E dentro dessa lista que temos aqui [dos "filhos intelectuais"] - eu sei
que é incompleta porque faz 14 anos talvez que se preparou - Deles alguns 00:24:00estão liderando departamentos de outras universidades? Eu sei que muitos estão aqui dentro da...SALZANO: A questão da lista, ela sofreu uma certa seleção...
DENT: Ah...
SALZANO: ... porque são geralmente os professores que ficaram aqui no
departamento, que então formaram novos alunos, arrumaram novas pessoas. Então, todos esses aqui foram, esses professores com esses aqui do programa, com exceção da Heirei Mendez, que já estava vinculada a outra instituição que não a Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É outra universidade federal que existe aqui em Porto Alegre. E ela então formou alunos lá, então não está aí. Não está aqui na genealogia.DENT: E tem departamentos de outras universidades do país que estão liderados
por seus orientados?SALZANO: Ah, um monte. Muitos.
DENT: Sim? [Risos] Todos?
SALZANO: Não, todos não...
DENT: Não sei se me podia indicar então quais são os outros departamentos que
têm programas importantes enquanto a genética das populações humanas?SALZANO: Ah 'tá. Então deixa eu ver aqui. Tu quer aqueles que foram
influenciados por meus orientados, ou em geral?DENT: Ah, as dos [duas] coisas seria interessante ver um pouco.
00:26:00SALZANO: Só vou pegar o meu currículo. [Som de gavetas] Em geral, no momento,
os programas de genética - que incluem genética das populações- mais importantes do Brasil, são dois programas da Universidade de São Paulo, um que está em São Paulo mesmo, na capital, e outro em Ribeirão Preto, que é outra cidade importante desse estado. E o Rio de Janeiro, também. Universidade Federal do Rio de Janeiro, que tem um bom programa, ele sofreu altos e baixos ao longo do tempo. Numa época, o professor Cordeiro foi para lá para reforçar o programa, mas agora está com um bom nível. Em São Paulo, tem mais uma que é 00:28:00em Campinas, na Universidade Estadual de Campinas, que também tem um programa bom. E no Paraná, na Universidade Federal do Paraná, que está um pouco abaixo. Então, indo para o Norte, acho que o programa mais importante está lá na Universidade Federal do Pará, em Belém, lá no extremo Norte, que também é um ramo do nosso grupo. É, os outros não estão num nível tão elevado assim. Mas tem vários outros, tanto em São Paulo, no interior de São Paulo como em Brasília. Agora, deixa eu ver uma coisa nos doutores. [Páginas virando] O Israel foi professor aqui do departamento, ele teve também cargos 00:30:00administrativos importantes na universidade -- foi pró-reitor de pesquisa. Depois, o Fernando, Fernando José da Rocha, ele também era professor aqui. Foi diretor do Instituto de Biociências.DENT: Agora está aposentado...
SALZANO: Agora está aposentado. A Maria Irene de Moraes Fernandes, também. Ela
foi professora aqui, depois se vinculou a uma instituição de desenvolvimento agrícola em geral. Chama EMBRAPA -- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Então, ela trabalhou durante bastante tempo lá, formou umas pessoas também, mas agora também está aposentada. Maria José de Melo e Freitas, ela também foi professora aqui durante um tempo e depois foi para o nordeste do Brasil e posteriormente para o estado do Amazonas, no Norte, e colaborou comigo em diferentes estudos depois do doutorado e infelizmente ela já faleceu. O Arno Schwantes - ele se vinculou a um curso - ah, outro curso 00:32:00que eu me esqueci, um programa de pós-graduação em São Carlos em São Paulo- e durante bastante tempo ele formou gente lá, mas agora ele teve problema de saúde e acho que aposentou.O Aldo [Araújo], atualmente está aqui no departamento e no programa, e tem
formado muita gente. A Margarete [Mattevi] também, durante muito tempo foi professora aqui, depois se aposentou e se vinculou a uma universidade privada, que é daqui duma cidade próxima, Canoas, a ULBRA, é chamada Universidade Luterana do Brasil, mas agora parece que ela vai parar completamente. O Ramiro Barrantes, ele é de Costa Rica, então lá formou grupos, lá em San José, e tem estado em contato comigo. Já foi responsável pelo recebimento do título de professor emérito lá; ele é professor emérito da Universidade de Costa Rica. A Tania Weimer foi também professora do curso e também se aposentou, 00:34:00como a Margarete, e foi pra ULBRA, e agora parou totalmente. Bernardo Erdtmann, ele também foi professor aqui e depois saiu, se aposentou e trabalhou lá na Universidade de Caxias do Sul, no interior do Rio Grande do Sul, e agora ele está aposentado. Maria Helena Franco, ela foi professora aqui do curso, infelizmente ela faleceu. 'Bah', tem muita coisa.DENT: Tem muitos. Acho que tem 44...
SALZANO: É, 39 e mais alguns que eu fiz orientação através do nosso programa
de supervisão à distância. Aí, eu já falei, essa aqui, está lá em... que agora aposentou também. 'Ih', todo mundo aqui está aposentado. Wanyce também, não esteve no programa, mas era professora aqui da genética, e também atualmente é aposentada. Ela tem publicado alguns livros didáticos. Mara Hutz é uma das principais aqui do nosso grupo. Lodércio Culpi, ele foi professor na 00:36:00Universidade Federal do Paraná, em Curitiba. Eu acho que ainda está orientando algumas pessoas, mas de maneira informal. O Horácio Schneider então foi um principal elemento da formação do programa de pós-graduação no Pará, em Belém, do Pará.DENT: Ele ainda está lá? Na universidade...?
SALZANO: Ele está ativo ainda, e atualmente ele é o vice reitor da
Universidade. E formou não somente muita gente em Belém, como depois formou um grupo no interior do Pará que também era um de excelência -- em Bragança, Pará. Depois Maria Regina Borges Osório, ela também foi professora do departamento, não do programa de pós-graduação. E ela com a Wanyce Robinson, elas têm publicado muitos livros didáticos. A Sídia Callegari-Jacques é uma das principais colegas minhas e continua trabalhando aqui. É especialista em bioestatística. Anete [Trachtenberg] trabalhou algum tempo no departamento, não no programa, e agora está aposentada. Maria Conceição, ela estava 00:38:00vinculada, quando fez o doutorado já a outra universidade do nordeste - Sergipe, que é um estado do nordeste brasileiro, de capital de Aracajú, e tem lá uma Universidade Federal em Aracajú. Maria Paula Cruz Schneider, era ex-esposa do Horácio Schneider, e também tem formado. Continua trabalhando lá em Belém do Pará. Themis Silveira, ela está vinculada ao Hospital de Clínicas atualmente. Ela foi professora da faculdade de medicina daqui da universidade. É, bastante gente importante como orientadora e como coordenadora de investigações. Rosilda dos Santos Silva... ela, acho, que ainda está vinculada a um programa no nordeste do Brasil, que é a Universidade Federal de Pernambuco. Lavínia Schüler, você já sabe, ela continua muito ativa. Mônica Sans é professora do programa de pós-graduação em Montevidéu, no Uruguai. Sandro Bonatto, depois do doutorado se vinculou à Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul aqui do lado. Está formando gente e está 00:40:00trabalhando muito bem. Continua colaborando comigo, e com outras pessoas. Renato Flores, a vocação dele é programas de extensão, de apoio à comunidade. Então tem um programa muito forte de apoio à comunidade aqui do departamento, de proteção às vítimas da violência -- tanto crianças como mulheres.DENT: E ele está dentro do departamento?
SALZANO: Está no departamento. Mas não no programa, não.
DENT: Ah tá.
SALZANO: Sempre há problemas -- nem sempre a produção é suficiente
científica. É suficiente para entrar no programa, e também o programa tem diferenças. Tem as pessoas que são do núcleo do programa e tem que trabalhar muito bem, porque senão vão pros associados. Então é uma luta aí. A Loreta [Freitas] você já conhece, está desenvolvendo um programa muito bom na parte de genética vegetal. A Lutécia Mateus Pereira atualmente está trabalhando no Estados Unidos. Não sei exatamente agora onde ela está trabalhando. Claudia Leães Dornelles está vinculada ao programa de genética lá também da PUC do 00:42:00Rio Grande do Sul. Carlos André Lima-Rosa, atualmente ele é professor na Universidade aqui de Santa Catarina, no estado próximo, em Lajes.DENT: Em Lages?
SALZANO: É. Lajes: L-a-j-e-s.
DENT: Obrigada.
SALZANO: Ele e a outra, Jaqueline Battilana estão na mesma instituição.
Patrícia Koehler-Santos atualmente está vinculada à pesquisa no Hospital de Clínicas, aqui de Porto Alegre. A Valéria Muschner é professora na pós-graduação da Universidade Federal do Paraná, no programa de pós-graduação em botânica, não é em genética. Aline Lorenz-Lemke está em Mato Grosso do Sul, no centro do Brasil, dando aulas também, fazendo alguma coisa...DENT: Não era ela que estava aqui faz dois dias?
SALZANO: Exatamente.
DENT: Era. Conheci a ela.
SALZANO: Então. Stéphane Mazières é francês, e atualmente ele está em
Bordeaux creio, na Universidade de Marseille. Nelson Fagundes é agora professor 00:44:00do nosso departamento e da pós-graduação. Elizabeth Thompson, atualmente ela está no Rio de Janeiro trabalhando em um centro lá de investigação relacionada à computação eletrônica. E a Taiana Haag, ela também está na PUC [RS] agora. E esses são os doutorados.E aqueles cincos que tiveram o doutorado direto, sem precisar fazer curso etc.:
Osvaldo Mutchinick, ele está no México, continua ativo, na Cidade do México. Vilna Furtado, ela estava vinculada à Universidade Federal do Pernambuco, no Nordeste do Brasil e agora se aposentou. E mesma coisa o Elias, Elias da Silva, também da Universidade Federal do Pernambuco e também aposentado. Max Drets foi uma figura muito importante no Uruguai e atualmente também se aposentou. E o Gustavo Folle foi orientado por ele e vinculado à mesma instituição, é uma instituição de excelência digamos, lá em Montevidéu -- Instituto de 00:46:00Investigacíon de Ciencias Biológicas. Tem tido uma tradição muito importante de pesquisa na biologia.DENT: Ótimo. Então...
SALZANO: [Inaudível] ... trabalhando.
DENT: Tem pessoas em muitos lugares formados por você.
SALZANO: Sim, depois do mestrado também. Tem alguns que fizeram depois o
doutorado. Mas a Heloisa [Peña] esteve vinculada a uma universidade na Austrália. A Maria Clara [Mallman] foi professora do nosso curso. A Bernardete [Telles da Silva] atualmente trabalha numa instituição de psicologia aqui de Porto Alegre. Clóvis Wannamacher, pessoa importante do departamento de bioquímica, aqui da nossa universidade. Walkiria Settineri, ela trabalhou algum tempo na universidade Católica de Pelotas, no sul do Rio Grande do Sul. Castelo Branco Mourão, ele estava vinculado, não sei se ainda está, à Universidade Federal do Ceará, no Nordeste. Ernesto Xavier, ele era do departamento da 00:48:00medicina preventiva aqui na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ele já faleceu, infelizmente. Rosilda dos Santos Silva -- da Universidade Federal do Pernambuco -- essa estava no doutorado também. Ela fez doutorado também. A Judith Viégas esteve muito tempo trabalhando em Pelotas, inclusive num programa de pós-graduação, mas agora se aposentou. A Isabel foi uma das poucas que parou, não se desenvolveu...DENT: Como geneticista? Foi para fazer outras coisas...
SALZANO: É, ela tinha problemas de saúde e tal. A Márcia Schmidt também, ela
andou vinculada à Universidade Estadual do Rio de Janeiro, mas agora voltou aqui para Porto Alegre -- trabalha com essa parte de educação científica. No programa de educação científica em geral. A Vivian [Leyser da Rosa] é lá da ...Florianópolis, da Universidade Federal de Florianópolis [Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC]. O Sydney [Santos] é de Belém. A Marise 00:50:00Pedrosa, ela também estava no Nordeste, em Alagoas, e não sei que fim que ela levou agora. A Maria Lúcia Hamel, ela também é de Belém. A Beatriz Mengotto, da PUC do Rio Grande do Sul. Carlos Eduardo Pinheiro, lá da faculdade de medicina de Florianópolis. Guillermo Barreto Rodriguez é da Colômbia. Bárbara da Silva também estava vinculada ao Pará. Agora ela saiu de lá e não sei que fim levou. Rodriguez-Delfin é do Peru, está trabalhando lá. Maria Helena Albarus ficou aqui em Porto Alegre, ela trabalha na questão de determinação de paternidade. Clarice [Sampaio] Alho, PUC-RS como Eduardo Eizirik também. E a Cláudia Dornelles. Carla Finkler está numa universidade do interior de Santa Catarina. Nelson está aqui, Muschner eu já falei, Jaqueline também, Aline também... Nicole Scherer atualmente também está no Rio de Janeiro e trabalha como a Elizabeth Thomson, ela trabalha no Laboratório 00:52:00Nacional de Luz Sincrotron. Estava voltada a esses trabalhos de bioinformática. A Ana Helena Eller, agora, andou para os Estados Unidos, voltou e acho que não está vinculada ao ensino, programas de pesquisa. O Leonardo está agora fazendo doutorado no Hospital de Clínicas. A Daiane não quis continuar o doutorado, está fazendo medicina e a Roberta também, resolveu não fazer o doutorado. Está num programa de tratamento de problemas médicos em geral.DENT: Então dentro de todos esses alunos, tem o centro de Pará está dentro
dos melhores do Brasil e foi instrumental ...um casal, não?... Falou Schneider.SALZANO: É, o Schneider. Quem começou mesmo lá foi uma pessoa que fez só
00:54:00especialização comigo, que era o Dr.Manuel Layres -- Layres com ípsilon. Foi ele realmente quem organizou tudo. É o pai da genética lá. Porque ele era pediatra, médico de crianças, e aí se apaixonou pela genética. Tinha uma clínica muito boa lá em Belém. Largou a clínica, veio fazer pesquisa aqui em Porto Alegre, e aí voltou pra lá. Quando ele voltou nem havia curso de ciências biológicas na universidade. Ele criou curso, montou as instalações tudo, e aí começou a formar. Um dos dois primeiros que ele formou formar o Horácio Schneider e a Maria Paula Schneider, que então depois formaram os outros.DENT: Sim. Sim.
SALZANO: Então é uma figura muito importante. Ele inclusive depois foi diretor
do centro, foi secretário de saúde do estado, e até tribunal de contas da União. Ele tinha amigos políticos. E agora ele está trabalhando principalmente em bioestatística. Ele tem um livrou muito utilizado aí pelos alunos de mestrado e doutorado em bioestatística. 00:56:00DENT: Interessante. E vocês publicaram algumas coisas?
SALZANO: Sim.
DENT: Alguns trabalhos juntos.
SALZANO: Exatamente.
DENT: Muito interessante. E dentro de esos [esses] alunos, tem muitos que
fizeram genética botânica, alguns que fizeram genética dos animais também, e também tem muitos que fizeram genética humana -- ou médica ou das populações.SALZANO: Isso.
DENT: Dos que finalmente que entraram para ter projetos com trabalho de campo,
que eram as qualidades que você procurava para esos [esses] projetos. Eram iguais para os outros projetos de teses? Ou estava procurando alguma coisa específica para as pessoas que iam entrar para o campo para trabalhar com...?SALZANO: Em geral, eu procurava aproveitar experiência que eles já tinham.
Então, a Loreta, por exemplo, já estava trabalhando com genética vegetal. Tinha obtido o mestrado uma colega minha, orientação da outra colega, então se montou um programa baseado já na experiência dela. No caso do Horácio e da Paula também foi a mesma coisa. O Horácio trabalhou com búfalo na Amazônia e a Paula com primatas. Eles já tinham uma boa experiência. 00:58:00DENT: E para as pessoas que fizeram trabalho de campo com você, com os povos
indígenas, era somente porque eles estavam interessados em esos [esses] projetos ou você tinha que procurar pessoas especificamente para trabalhar no projeto dos povos indígenas? Como chegaram eles a estar vinculados com esos [esses] projetos?SALZANO: O Fernando José da Rocha... fui eu quem indiquei o projeto para ele e
aí ele participou de várias expedições comigo. Medições, né? Medidas antropométricas. A Lavínia, ela está atualmente especializando em genética medica, mas ela fez trabalho de campo comigo também, de apoio médico, assim como Cleiton [Bau], que você conheceu aí, que também fez trabalho comigo, mais na parte de apoio médico. [Inaudível] coautores, não? 01:00:00DENT: É, acho que isso cobriu as perguntas que eu tenho de relação de
orientador. Não sei se você tem alguma outra reflexão que acha importante referente ao processo de selecionar e trabalhar com os orientados.SALZANO: É, no início era mais uma escolha pessoal. Agora não. Agora tem todo
esse processo de ingresso, então essa escolha já fica menos personalizada.DENT: E essa influência de alguma maneira os interesses das pessoas que chegam
aqui? Ou o trabalho que fazem?SALZANO: É, é muito variado. Por isso que tem um monte de gente. Então,
alguns vinham especialmente para fazer doutorado comigo. Por exemplo, esse Luís Delfin, lá do Peru, ele veio para cá especificamente para trabalhar em populações indígenas. O Barreto, lá da Colômbia também veio 01:02:00especificamente para trabalhar comigo, mas aí foi em populações urbanas. E, em geral, muitos começaram como alunos de graduação - iniciação cientifica. Um dos grandes saltos da ciência brasileira foi o programa de iniciação científica elaborado pelo CNPq, que, então, investiu e continua investindo muito dinheiro nessas bolsas para alunos de graduação. E, em geral, eles depois vão para o mestrado e eventualmente para o doutorado também. Então, já há um contato bastante grande antes deles entrarem no programa formal.DENT: Excelente. Interessante. E esse programa... lembra quando iniciou?
SALZANO: Qual?
DENT: Do CNPq... essa que mencionou.
SALZANO: Ah, agora me "apertou".
DENT: [Risos]
SALZANO: [Risos] Mas faz, sei lá, 20 anos. Faz bastante tempo.
DENT: Estava no contato com o Ricardo Santos e me falou que Nancy Flowers vá
01:04:00vir para o Brasil.SALZANO: É?
DENT: É... Que vá vir, vá estar no Rio; em uma semana chega. Ele me comentou
que obviamente vocês trabalhavam no livro de Xavante in Transition, não? Então queria lhe comentar, não, que ela vá vir para o Brasil. Acho que já tem 94 anos, me falou o Ricardo.SALZANO: Pois é, já é senior, bem senior. Mas muito ativa.
DENT: E então eu queria perguntar um pouco referente ao livro e ao trabalho com
ela e com Carlos e Ricardo, para saber um pouco... Então publicaram o livro Xavante in Transition em 2002. Mas eu queria saber se você voltou para o campo dentro dos dez anos antes como parte do projeto? Ou se trabalhou com materiais que eles enviaram... Ou como foi essa... Porque era voltar, não? Depois de 25 anos? Para ver de novo a mesma população que visitou com o Dr. Neel. Eu queria saber um pouco como era essa experiência, como era essa pesquisa que fizeram e como era a experiência de voltar depois de 25 anos.SALZANO: É, mas não voltei lá...
DENT: Não, não foi lá?
SALZANO: A Nancy, ela começou trabalhando muito antes com outros grupos do
01:06:00Brasil central. Bom, tem a história toda ali no livro. E depois, então, quando começou a trabalhar com o Carlos e o Ricardo, ela se aprofundou nos Xavante. E os dois também. Eles trabalharam antes em diferentes outros grupos populacionais, e na época que estavam terminando, pouco tempo depois de terminar o doutorado, um pouco antes pro Ricardo, eles me contactaram para fazer a parte de genética do que eles estavam fazendo de epidemiologia médica, né? Então aí que surgiu a colaboração e foi muito proveitosa, digamos.DENT: Então eles tiraram as amostras e enviaram para o laboratório de aqui
para fazer as análises?SALZANO: Isso. Exatamente.
DENT: E Nancy Flowers, você trabalhou com ela um pouco? Como era a relação?
SALZANO: Pouco tempo. Estive lá no Rio numa época lá, de análise dos dados
pro livro e também para a redação do texto. Depois ela esteve aqui, em Porto Alegre, também, a convite do programa de antropologia daqui, então a gente tem 01:08:00tido relativamente, não muito longo, mas proveitoso contato.DENT: Ótimo. Bem interessante. Eu acho que quando estou lá, eu volto para o
Rio, porque eu saio do Rio para os Estados Unidos, então Ricardo me falou que se ela chega antes que talvez eu vou poder conhecer a ela lá no Rio. Que engraçado, porque ela é de Nova Ioque, não? E Nova Iorque fica só a duas horas de Filadélfia, mas eu vou vir até o Brasil para conhecer a ela.SALZANO: É, a globalização...
DENT: É incrível, não? Muito interessante. 'Tá perfeito -- então eu acho
que aí podemos parar para hoje. E se você quer comentar alguma coisa mais...?SALZANO: Não, acho que está ok. Agora você está sabendo tudo da minha vida.
DENT: Ah, só de algumas partes. Você ainda não me conta da vida familiar, de
toda essa parte... [risos]. Acho que não sei se você acha importante para a parte da ciência essa...SALZANO: Bom. Não, minha vida familiar é relativamente tranquila. Não tem
muita coisa para mencionar... Já te falei de meus filhos e tudo. 01:10:00SALZANO: Sim. E a minha esposa -- continuamos casados faz 60 anos.
DENT: São 60 anos? Certo, porque vocês foram para Michigan com o filho de dois anos...
SALZANO: Exato.
DENT: Incrível! E ela alguma vez foi com você para o campo?
SALZANO: Não, não.
DENT: Os filhos?
SALZANO: Nenhum deles.
DENT: Não se animavam para ser geneticistas?
SALZANO: Nenhum. [Risos]
DENT: Mas ouviram o avô falando que devem ser médicos...
SALZANO: [Risos]
DENT: Tem outros filhos intelectuais por todo o país e toda a América do Sul e
também agora alguns que estão nos Estados Unidos, França... por todo lado... Perfeito. Muito obrigada então!